21.12.11

De mudanças


Eu hoje joguei tanta coisa fora, cartas e fotografias, gente que foi embora.....

E eu estou de mudança. Vida nova, casa nova. Tudo novo

4.11.11

O inesperado acontece!

A partir de hoje os rumos mudam. Minha querida professora de dança voltará pra Piracicaba e nós ficaremos sem aulas regulares. Combinamos aulas mensais aos sábados, mas não é a mesma coisa.....

Foi com a Clau que eu me desenvolvi na dança. Foi com ela que passei a sentir a dança; e descobri em mim uma pessoa mais forte, mais capaz, mais feminina. Durante esse tempo todo, quase dois anos, minha vida mudou muito e a dança foi quase um remédio para as dores da alma. Fui desabrochando à medida que o tempo passava e tudo mudava. A dança tem um caráter desafiador, que nos impulsiona a vencer nossas próprias limitações e esse sentimento se estende para as outras atividades rotineiras. Depois de um tempo, ao assistir a um vídeo de uma apresentação, a sensação é de barreiras vencidas, de superação, de evolução. E posso afirmar que a mudança foi rápida porque a Claudia é uma professora com muita sensibilidade, que atendeu às nossas expectativas. Nosso olhar mudou, nossa postura também. Sinto muitíssimo por essa mudança tão inesperada, mesmo sabendo que a mudança será para ela melhor. Já chorei horrores. Agora os caminhos se separam e precisamos arrumar uma nova professora, alguém que nos encante como a Clau encantou. Tarefa difícil essa, viu. 

É assim mesmo, quando aprendemos a amar uma pessoa ela se torna insubstituível, outra terá qualidades diferentes, mas cada um é único nessa vida. E amamos diferentemente as pessoas. Como diria O Pequeno Príncipe, cada um ama a sua rosa porque a cultivou. Todas as rosas são iguais, mas a sua é única. E pra ser sincera, tem sido difícil encontrar pessoas especiais, que me encantam realmente. A Clau é uma dessas. Enfim, sexta-feira triste, nostálgica já. Passa um filme de lembranças em minha cabeça. Minhas tardes de sexta não serão mais tão felizes....

Mas a vida continua e meus próximos passos serão em busca de alguém que continue me ajudando a evoluir na dança.



(...)  Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…

(...)

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.


(...)

E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele…
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa…
- Eu sou responsável pela minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

trecho do Pequeno Príncipe

17.10.11

Praia da Baleia

No litoral norte de são paulo, fica a praia da Baleia. Quem tem crianças e quer somente esticar as canelinhas na areia e vigiar de longe a cria brincar, essa praia é muito indicada. Praia retinha, tranquila, com a vista da ilha que dá nome à praia. O descanso é garantido, obviamente se seu filho já tiver 5 anos e não um ou dois anos, aquela fase que tudo é perigoso e ele não para um segundo. O mais legal dos filhos de 5 anos é que eles já conseguem ser contemplativos o suficiente pra deixar os pais descansar.....




Pra que serve a psicanálise?


Caderno Equilíbrio e Saúde da Folha:

*
"Serve para diminuir ao mínimo possível o sofrimento neurótico e o sofrimento banal, ou seja, reduzi-los ao que é totalmente inevitável; serve para tentar reorientar ou desorientar a vida da gente --desorientar é uma maneira de orientar! Enfim, serve para tornar a experiência cotidiana muito mais interessante. Pensando bem, quase tudo se inclui nessas três coisas"

Contardo Calligaris
Psicanalista e colunista da Folha

*
"A psicanálise é um método de investigação do modo de funcionar da mente que, bem-sucedido, tem como consequências um desenvolvimento maior da personalidade e proporcionar condições de bem-estar mental. Para que serve? Eu poderia perguntar: para que serve existir? A utilidade da psicanálise compartilha com o sentido de nossa própria existência"

Luiz Tenório Oliveira Lima
Psicanalista e professor

*
"Tratar das dores da alma. E é um processo tão longo para diluir a dor quanto foi para implantá-la. A substância com a qual a psicanálise lida não obedece às leis da mecânica. Não tratamos de matéria, não tratamos de concretudes: são dores da alma, substâncias de outra categoria"

Anna Veronica Mautner
Psicanalista e colunista da Folha

*
"Serve para possibilitar que a pessoa suporte viver a pós-modernidade. Saímos de uma sociedade que estabelecia claramente os certos e os errados. O homem atual se apavora frente a essa liberdade e se esconde atrás das fórmulas prontas de viver. Nesse contexto, a psicanálise vai na contracorrente da ideologia de que tudo tem remédio, dos livros de autoajuda e das neorreligiões. Ela transforma a angústia paralisante do homem frente à liberdade responsável das opções em uma ação criativa"

Jorge Forbes
Psicanalista e psiquiatra 

7.10.11

As distorções sobre a dança do ventre

Hoje minha professora de dança nos contou que abriram uma academia na cidade. Até aí tudo normal, mais uma concorrente. O problema é que essa academia dá aula de dança do ventre, pool dance, strip tease e pompoarismo!!! peloamordedeus!!!!

Essas práticas todas têm uma finalidade diretamente sexual e relacioná-las com a dança do ventre é definitivamente uma distorção. Obviamente que a dança do ventre tem um caráter sensual, pois mexe com o corpo e o psicológico feminino, trabalha com movimentos ondulatórios e de precisão e as pessoas, em geral os homens, observam tudo isso e associam, como a dona dessa nova academia, à satisfação masculina. A dança trabalha, principalmente, a auto estima feminina. A dança não tem o propósito sexual. Nós, mulheres, dançamos a dança do ventre porque nos faz bem. É uma manifestação artística que nos deixa felizes com nossa própria imagem,  nos desafia, mexe com nossos órgãos e melhora o funcionamento deles e, além do mais, qualquer mulher pode praticar: gorda, magra, alta, baixa, esquelética, obesa. É uma dança democrática. Ao contrário do strip e do pool dance que pressupõe um biotipo específico e tem um propósito sexual muito claro. Ninguém faz um strip sozinha na cozinha pra relaxar depois de lavar a louça. Mas todos os dias eu ouço música árabe e danço sozinha em casa pra me sentir bem. A dança mexe com minha essência feminina. Ao dançar, sinto-me mais calma, mais feliz. 

Não há problema algum em ser uma ótima striper, o problema é abrir uma academia e misturar coisas tão diferentes porque reforça um pensamento geral equivocado. Parece-me que essa moça, dona da academia, juntou todas as fantasias masculinas e colocou num espaço só. Senhores, a dança do ventre não pode ser tão mal interpretada. Ela é outra coisa. É uma arte milenar que sempre focou a exultação da mulher como a possuidora da capacidade de gerar a vida em seu ventre. É uma manifestação em respeito à vida! E sentir isso me deixa mais segura e bonita. Ela ajuda a mulher a trabalhar com suas próprias emoções e isso gera consequências positivas. Com tempo de dança, percebemos que nos sentimos mais seguras, menos tímidas, mais femininas. Pode ser que eu me torne mais sexy e atraente por ter mais consciência da minha feminilidade e por me aceitar mais, mas isso é uma consequência da dança. A arte em si não possui essa finalidade distorcida. Se sinto-me mais segura, obviamente, sinto-me mais à vontade com meu corpo e, portanto, mais propícia ao sexo. 

A dança é um instrumento de libertação feminina e foi, durante muito tempo, uma forma individual de entrar em contato com o divino. E esse divino existe dentro de nós mulheres na forma da capacidade de gerar uma vida. As mulheres devem aceitar seu corpo, se sentir merecedoras de amor, ter dimensão da importância das mulheres, ter consciência corporal, se perceber única, estar feliz, se sentir segura e em paz. E a dança ajuda a aflorar tudo isso. O resto é consequência.

Esse livro foi indicado por minha professora e mostra muito claramente a história da dança e os inúmeros benefícios que ela proporciona. Vale a pena ler!

"Dança do Ventre - Ciência e Arte", Patrícia Bencardini



Márcio Mansur e Tarik

Márcio Mansur e Najla al Hafsa


Amanda, Karen e Márcio Mansur

Dança do ventre é alegria!!

LUZ dos primeiros raios de mulher

Você era uma pequena menina. Desde sempre se mostrou extremamente inteligente. Seus comentários adultos  me faziam sorrir, pois era apenas uma criança. Sempre soube que você daria trabalho pra todos, com sua personalidade questionadora e desafiadora. Suas opiniões fortes sempre foram sua marca registrada; hoje seus olhos estão mais negros, reflexo da maquiagem que agora está mais acentuada. Seu corpo já dá sinais claros que tudo muda dentro de você. Suas tentativas de deixar de ser criança e virar mulher são evidentes todos os dias. Olho pra você e sinto que a entendo, já passei por isso. Mas sei que seu jeito, muitas vezes intransigente, ainda lhe causará problemas. Você aprenderá que não precisa afrontar pra ser respeitada. Você ainda acredita que precisa provar ao mundo que é superior aos outros. Está enganada! Você vai aprender que não precisa disso. Primeiro, porque você não é melhor que ninguém, e tentar parecer assim não a tornará mais segura. Sei que no fundo sua necessidade de aparecer, mesmo que de maneiras irritantes, são parte do seu amadurecimento. Eu sei que você tem um longo caminho, tem muito a aprender, como todo mundo. Desça do salto às vezes, não espere que o mundo a respeitará através da afronta. Você não precisa me afrontar porque eu não sou uma ameaça a você. Há outras maneiras mais tranquilas de ganhar respeito. Você descobrirá suas formas. Esse é o caminho normal, eu sei disso, sua revolta e falta de estímulo fazem parte das suas descobertas. Mesmo assim, seu comportamento me irrita muito, porque sei que, por algum tempo, serei desinteressante pra você e muito do que eu falar deixará de ser importante a você. É uma fase. Por isso, não estranhe se eu também mudar. É que me acostumei a vê-la como uma criança. Eu juro que darei espaço pra você crescer. É só uma questão de tempo.

Da loucura alheia

Encontrar pessoas sem noção é um fato trivial. Todos os dias lidamos - com maior ou menor frequência - com seres que não possuem o mínimo de bom senso, ainda menos, delicadeza com as pessoas próximas. Ter delicadeza pressupõe sensibilidade para perceber o outro e sensibilidade só possui quem não é totalmente egocêntrico. Comentários indelicados e tentativas de doutrinações podem soar extremamente desagradáveis. Principalmente em ambiente de trabalho. Saber comportar-se no local de trabalho é uma arte. Não me interessa como a maior parte das pessoas leva a vida. Não convém expor achismos e opiniões não solicitadas sobre os colegas no dia a dia. Minha vida e minhas escolhas só dizem respeito a mim mesma. 

Como as pessoas provam para o mundo que são limitadas quando tentam convencer a humanidade de suas verdades inquestionáveis e absolutas. É uma bobagem enorme. Eu gosto mais de quem muda de ideia, de opinião, que respeita a diversidade, que sabe ouvir e, se solicitado, arrisca algum conselho. Eu não tenho paciência com gente que se acha. Mas eu percebi rapidamente que essas pessoas são meio malucas, um tanto desequilibradas e não vale a pena discutir com loucos. Ser razoável é uma característica que os loucos não possuem. Quem está bem consigo considera o outro, ou pelo menos considera a alternativa de ficar quieto. 

Rolling in the deep


3.10.11

a fada do dente

Estou super mega atrasada nos comentários sobre os dentes da sofia. Eles caíram. Dois já. Dois de baixo. O primeiro ficou perdido na escola e a fada do dente certamente encontrou porque trouxe 5 reais à noite! O segundo caiu semana passada, esse quase foi pelo ralo durante a escovação, mas foi salvo pela pro Jana. E a fada do dente já providenciou mais 5 reais. Indagações da sofia: "mamãe, a fada do dente é rica?" "como ela é rica?", "ela dá dinheiro para todas as crianças?" "algumas que engolem o dente quando estão comendo, mesmo assim, ganham presente da fada do dente?"

Realmente haja dinheiro porque nessa boquinha há muitos dentinhos.

Semana de TPM

Para meus aluninhos eu já sou uma quase velhinha. É impressionante como a perspectiva muda o objeto messsssmo. Sou tão novinha, mas meus alunos me acham muito velha. E às vezes me chamam de gorda também. Cuidar da auto estima é tudo na profissão!!! Eles reparam em todos os detalhes e adoram criticar. Peloamordedeus. E semana de TPM já viu, né, a gente acaba se sensibilizando até mesmo com bobagens, como a crueldade infantil.

Ter um filho muda TUDO

Segunda-feira de manhã. O despertador toca no horário rotineiro, mas algo está diferente. Enrolo quase meia hora para levantar. Parece até um domingo preguiçoso, mas os compromissos estão marcados. O que tornou tão diferente essa segunda foi o fato de não haver, pelo menos pela manhã inteira, a necessidade de preparar o lanche, preparar o café da manhã, convencer uma pequena estudante a levantar-se às 6h20. Nem convencê-la a escovar os dentes, botar o uniforme, calçar tênis, comer algo saudável. Sim, criar filho também significa abrir mão do nosso tempo. E o tempo é algo precioso  e que não volta mais. E pra criar um ser humano equilibrado é necessário de tempo de dedicação. Tempo dedicado é tempo que não damos a nós mesmos. Por isso ser mãe é uma atividade que requer muito altruísmo da mulher. Abrir mão de projetos, pelo menos por um bom tempo, em nome de uma criaturinha maravilhosa. Dá pra entender porque nosso corpo tem que liberar hormônio pra gente amar a cria porque, caso contrário, seria difícil convencer uma mulher a abrir mão de tanta coisa. Só uma mulher completamente apaixonada abre mão por outro ser. Salve a ocitocina! Sem ela, provavelmente, nossa espécie estaria seriamente comprometida.

Em dias como esses é que temos a real consciência de todo o trabalho que temos com a cria, o tamanho da dedicação, da energia utilizada. Só quem cuida é que tem noção dos detalhes, todos pensados ao mesmo tempo, das compras diárias de frutas e comidinhas saudáveis, e o quanto tudo isso implica em abrir mão da gente mesmo. Ter um filho realmente muda tudo. O que fazemos não é pouco nem fácil não. Nosso trabalho é administrar 24 h a vida de um ser humano. Por isso a cria precisa de uma mãe que esteja bem pra que possa cuidar bem.


5.9.11

Mãe boazinha demais x Mãe malvada demais

O filme "Enrolados" mostra a mãe que escondeu a Rapunzel na torre como uma mulher completamente má. Ela fez apenas mal à filha por egoísmo,  e em nenhum momento percebemos qualquer ponta de bondade nela. Já a verdadeira mãe, a rainha, era um ser superior, sem erros, apresentada com o máximo de bondade. Nela não há defeitos. Esse é o problema. Durante um bom tempo, sofri por achar que não era uma mãe tão boa assim pra minha filha. E isso só aparecia quando eu fazia algo por que me arrependia depois. Um momento de raiva, uma explosão após inúmeras provocações pueris. E logo após meu furor, sentia uma culpa gigantesca por ter perdido a cabeça, por achar que um momento poderia definir um futuro. Achava, lá no fundo, mesmo sem ter consciência disso, que eu precisava ser como a mãe verdadeira da Rapunzel e isso trouxe a mim imenso sofrimento e angústia. Por mais que em 90% do tempo eu fosse boa, bastasse um simples erro para eu sentir que tudo estava perdido. Acho que demorou, mas entendi. Os pais não são inteiramente bons nem inteiramente ruins para os filhos. Todos erramos. A maior parte do tempo faço bem à minha filha, mas com certeza farei mal a ela. Isso é inevitável. E quando entendi isso, passei a me culpar menos, passei a ser mais feliz com ela. Enxerguei com mais realidade minhas qualidades e defeitos. E permiti a mim cometer os erros. E a valorizar os acertos. Sempre fui muito exigente comigo, mas estou aprendendo a não ser tanto. É um grande desafio, mas quero ser melhor comigo mesma.
Já disse por aqui que a mãe boazinha demais precisa morrer. Isso eu li no livro "Mulheres que correm com os lobos". Esse tipo de mãe não faz bem ao filho ao ser interiamente boa, porque isso é uma mentira e o filho jamais vai encontrar alguém no mundo que seja inteiramente bom; e esse fato gerará uma frustração grande e uma dificuldade em aceitar essa limitação nos outros com quem se relacionar. Em muitas histórias de contos de fadas, após a morte da mãe, o filho enfrenta inúmeras dificuldades e tem que resolver sozinho seus problemas. Só aí é que cresce verdadeiramente. A mãe equilibrada não resolve tudo para o filho, mas dá condições para ele ser autônomo.

O filho deve enxergar que os pais têm defeitos, que apesar do amor maior do mundo, esse amor é humano, por isso, cheio de incoerências, defeitos, erros, mas ainda é amor e é o maior do mundo. A Sofia já sabe que príncipes encantados só existem nos livros. E está aprendendo que a mãe dela também não é aquela mãe perfeita dos livros e também não é a bruxa má. E eu estou aprendendo isso a meu respeito. Digamos que sou uma mistura das duas figuras. O bom é que essa mistura tem uma proporção muito maior de bondade do que de erros. As pessoas são imperfeitas. O bom é que me cuido para o mal não imperar e sim pra ter muito mais coisas boas do que más. Às vezes preciso ser má, às vezes preciso ser boa. Isso fará com que ela seja mais equilibrada quando crescer, sem falsas ideias sobre mim e o mundo.

27.8.11

66

Hoje meu pai faz 66 anos. Meu bom e doce velhinho. O que há de doçura em mim, que anda meio adormecida por ora, provavelmente veio dele. Alguns defeitos também foram absorvidos dele, mas hoje é bom conseguir pontuar as coisas, perceber as relações, o que há de bom e ruim nelas e acalmar o espírito. Não posso mudar algumas coisas na vida dele que eu gostaria que fossem melhores, mas sinto um orgulho imenso de ser filha dele. Hoje, após quase 30 anos de convívio, sei que somos, ele e eu, inteiramente responsáveis pelas escolhas que fizemos. Não podemos mudar os erros uns dos outros. Nem  responsabilizar o outro pelo o que somos. Durante uma parte da vida os pais exercem uma influência maior na nossa vida, mas depois de um tempo, não podemos mais responsabilizá-los por nossas insatisfações porque somos bem grandinhos e podemos mudar, ou tentar pelo menos, fazendo muita terapia, as coisas que não achamos boas em nós.


Se eu pudesse, tornaria sua vida colorida todos os dias. Deixaria seus dias muito divertidos, felizes, cheios de paz e pequenas boas surpresas. Levaria você para a praia toda semana e andaria descalça na areia. Deixaria você andar de avião uma vez por mês e sentar na janela pra ver as nuvens e o sol acima delas. Levaria você pra pular de para-quedas e sempre teria uma boa festa pra conversar com as pessoas. Teria sempre manjar branco na geladeira, com a espessa calda de caramelo por cima. Vez ou outra, faria seu inesquecível bolo floresta negra. Levaria você pra Bahia, mas não mais pro sertão e sim, pra praia. Você tomaria sorvete de morango sempre. Faria massagens diárias pra relaxar. Se eu pudesse, querido pai, seus dias seriam sempre perfeitos. Pena que tudo isso só quem quer pra vc sou eu, faz parte apenas do meu desejo eterno de que vc fique bem. Espero que você realize os pequenos desejos que houver dentro de você, mesmo se forem bem diferentes desses que eu listei.


Meu pai sempre me mostrou que o orgulho não leva a lugar algum e quem é mais forte nem sempre é quem parece o mais forte. A força está na paciência, no amor, em ajudar às pessoas. Ele é um guerreiro, um exemplo pra mim a vida toda! E eu o amo demais!

Feliz aniversário!

20.8.11

Da solidão

Os afastamentos têm um lado bom. Com o tempo visualizamos mais calmamente o que não temos condições em meio à confusão. Aprender a lidar com a condição humana de sermos, no final das contas, todos sozinhos só é possível quando nos afastamos. É muito difícil lidar com nossa solidão. Sempre estamos tentando disfarçá-la, provar para nós mesmos que não estamos sozinhos. Mas em algum momento da vida devemos ficar sós. Quando aprendemos a viver sozinhos, ou melhor, a tomar consciência do nosso estado ímpar, passamos a cobrar menos do outro que preencha nossos vazios.

Vivemos juntos, mas morremos sozinhos.

O Vazio constante

Não adianta. Ser humano é desejar. E o desejo nasce da falta. E toda vez que preencho um vazio que determinada falta faz, aparece outro desejo. Outra falta. Por isso que quando conseguimos algo que desejamos por muito tempo - seja algo grandioso ou medíocre- logo aparece outro vazio pedindo para ser preenchido. E essa característica não precisa ser algo ruim. É preciso entender que isso é normal e tentar transcender o vazio. Tentar desejar menos o que não possuo e mais o que possuo. Isso diminui algumas dores. Se entendo que vazios existirão até o fim, não buscarei desesperadamente preenchê-los. É uma ilusão achar que o outro é mais feliz. Todos somos feitos de vazios. A felicidade está dentro de nós, está na aceitação do que somos. A grama do vizinho só parece mais verde. Ninguém sabe exatamente as dores e os vazios que o outro tem. Se passamos muito tempo lutando contra os vazios sofremos demais. O melhor é entender que isso é humano e aprender a administrar a situação. De tempos em tempos o vazio fica encoberto, mas com algum silêncio ele retorna mostrando sua face crua e nua.

Viver bem é aprender a aceitar o que foge do meu controle e lutar para mudar em minha vida o que posso, de fato, mudar. Demora um tempo pra perceber a diferença. Mas vale a pena tentar. Depois de muito tempo, o corpo começa a dar sinais de que não aguenta mais a luta vã. É hora de reavaliar os conceitos e viver com menos cobrança, sem ser uma crítica tão dura comigo mesma.

Somos seres completos, mas que desejamos sempre e visualizamos faltas possíveis. Não desejar deve ser triste. Aprender a dosar essas coisas é o segredo para minimizar sofrimentos.

4.8.11

Mal posso esperar pra fugir da tristeza!


Não foi dessa vez
Mas pode ter certeza
Mal posso esperar
Pra fugir da tristeza
Amanhã talvez
Vai ser um carnaval
Vão falar de mim
Pro bem ou pro mal
Tomo um café e um guaraná pra me animar
Mas ficou tão tarde
Que é melhor deixar pra lá...
Ahhhhh...

30.7.11

Das possibilidades

Quantos talentos existem dentro de mim? Quais são as possibilidades? O que posso ser e fazer nessa vida? Muitas coisas provavelmente. Há muitas facetas adormecidas e desconhecidas. Mas quais serão elas???

29.7.11

Nada como saber esperar. Dar tempo ao tempo. Dar tempo para as ideias amadurecerem. Pessoas impulsivas têm muitaaaaasssss dificuldades para esperar. Sempre acho que posso estar perdendo uma oportunidade. Mas também não gosto do gosto da precipitação. Acho que sou mais é indecisa.


Não há garantias na vida. Nunca! Sei que ando a pensar. E muito. Tanto que nem consigo mais escrever por aqui......são ideias novas se delineando na caixola. São caminhos que levam para lados tão diferentes....a boa notícia é que fazia tempo que eu não sonhava tão concretamente. Fazia tempo que não pensava em mim e nos meus sonhos. Só meus.  E os desafios, os sonhos, os planos é que motivam a existência. Sem eles é melhor nem viver!

O tempo aperfeiçoa as pessoas inteligentes, acalma as dores, dá novos contornos para as situações.


O primeiro dente da Sofia está quaseeee caindo.Vimos ontem o novo já apontando, dando o ar da graça, empurrando o dente de leite para fora, num movimento  a implorar espaço para a inevitável troca. É o sinal da primeira coisa (talvez a única)  permanente nela. O dente permanente! Sinal de mudança, de crescimento, de deixar de ser bebê e mostrar os primeiros raios de uma menininha crescidinha. Ainda como um bebê nos meus braços, confesso. Na minha memória, trocar os dentes significava ser grande!

Ah! a memória! Lembro-me de um livro que se chama "Guilherme Augusto Araújo Fernandes" que fala de um menino que convivia com uns velhinhos de um asilo e descobriu que um deles não tinha mais as memórias e ele queria saber o que isso significava. Uma das coisas mais belas da vida deve ser chegar à velhice e lembrar com carinho das memórias da vida toda, por isso é tão triste perder as memórias. Pior do que morrer deve ser viver sem se lembrar de nada! Somos o que vivemos. Quando lembro do primeiro dente da Sofia, o dente de leite, lembro que sou o que sou hoje porque vivi com ela esses momentos e quando olho as fotos dela me lembro do dia, da situação, do que sentia no momento ....tão forte são as lembranças.

25.7.11


Você sabe que a mulher tem um apetite sexual
Dez vezes maior que o seu?
Amigo meu.
Você pode passar uma semana inteira
Resguardando a fronteira do lar
Mas ela sempre quer mais
Mas ela sempre faz mais que você!
Por isso é que o filho é mais dela
Por isso é que o filho é mais dela
Você traz a comida
Mas a panela é dela!

9.6.11

Elogio do Esquecimento

Eu li esse poema quando a Sofia ainda era pequenininha e fez tanto sentido na época. E faz cada vez mais sentido. Levei para os meus pupilos e eles gostaram também. A memória, o esquecimento, o passar do tempo e a reconstrução das memórias, as reminiscências.....dá um papo longo.....

Bom é o esquecimento!
Senão como se afastaria o filho
da mãe que o amamentou?
Que lhe deu a força dos membros
e o impede de experimentá-la.

Ou como deixaria o aluno
o professor que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado
o aluno tem de se pôr a caminho.

Para a velha casa
mudam-se os novos moradores.
Se os que a construíram ainda lá vivessem
a casa seria pequena demais.

O forno esquenta. Já não se sabe
quem foi o oleiro. O plantador
não reconhece o pão.

Como se levantaria pela manhã o homem
sem o deslembrar da noite que desfaz o rastro?
Como se ergueria pela sétima vez
aquele derrubado seis vezes
para lavrar o chão pedregoso, voar
o céu perigoso?

A fraqueza da memória
dá força ao homem.


Bertolt Brecht

6.6.11

Sentimentos enrolados

Assisti com a Sofia ao filme "Enrolados", que é uma adaptação da história da Rapunzel. No filme, os conflitos psicológicos da Rapunzel ficam mais explícitos que na história original. A cena que eu mais gostei foi quando ela foge da torre e começa um conflito interno entre continuar a jornada ou voltar para a torre, então ela oscila entre comportamentos extremamente felizes, gritos, euforia e momentos de depressão em que ela para e diz "eu sou uma péssima filha, sou um ser humanao terrível, acho que vou voltar". E o rapaz que a acompanhava na fuga diz pra ela que ela precisava decepcionar a mãe pra continuar vivendo. Diz que os filhos precisam de aventura, que isso é normal. E propõe que ela volte, então, e fiquei com uma ótima relação com a mãe, baseada em confiança. Apesar do medo dela, resolve continuar a aventura. Achei demais. Essa cena foi muito verdadeira. O medo que os filhos têm de decepcionar aos pais e como isso é inevitável no processo de crescimento de todo indivíduo. Há inúmeras histórias infantis em que a mãe da criança morre e só depois tudo acontece com ela. É uma metáfora para o fato de que toda mãe boazinha demais tem que morrer para o filho crescer. E essa morte não tem que ser literal, apenas simbólica. Proteção em excesso cria pessoas frágeis demais. A mãe precisa se afastar e permitir que o filho viva e erre, caso contrário, estará fazendo um desserviço à evolução da pobre criatura. Enrolados foi uma surpresa agradável.














4.6.11

Amor e Outras Drogas

Assisti ao filme "Amor e outras drogas" e gostei muito do que vi. O filme fala de algumas questões como o mal de Parkinson, das empresas farmacêuticas que criam mecanismos para os médicos prescreverem seus medicamentos, a despeito de serem ou não os mais indicados. Ao mesmo tempo, fala das relações pretensamente descompromissadas, ou da duração que uma relação consegue ser descompromissada.... os vínculos acabam aparecendo, são inevitáveis. É só uma questão de tempo.  E aparecem por diferentes motivos. As relações viciam e, como em qualquer vício, sempre há partes boas e ruins. É preciso pesar sempre e avaliar quando as coisas ruins pesam mais que as boas.  Se a balança pender para o lado negativo do vício é hora de parar. O mais difícil é que mesmo quando a avaliação é que precisamos parar com a dependência, sentimos falta dela, dos prazeres que proporcionava. E isso gera culpa.  Ninguém fica dependente de algo exclusivamente ruim. Tudo tem dois lados. Ora o prazer é maior, ora o sofrimento é maior. Cabe a cada um avaliar o que sente e botar um ponto final no sofrimento. Mas se o dano for leve, se os ganhos forem maiores que as perdas, aí é melhor continuar viciado!  O filme é engraçado, trata com leveza e sinceridade as questões a que propõe. Não indicado para menores de 16 anos!!!  ;)


30.5.11

Game Over

Criança costuma ter a capacidade de sinceridade extrema. Se não gosta de alguém ou alguma coisa logo diz sem rodeios. Mas sinceridade extrema não é desejável, é preciso arrumar um meio termo, aprender eufemismos. O problema é quando arruma-se desculpas demais, quando joga-se demais. A vida poderia ser mais simples se, mais frequentemente, falássemos o que sentimos sem rodeios, sem medo de julgamentos. Pensa-se demais no que o outro vai pensar se falarmos x ou y. Se mostramos nossos sentimentos para quem não conhecemos bem, ficamos com receio da reação do outro. O medo da rejeição é algo que nasce lá na infância e nos acompanha o resto da vida, uns com mais, outros com menos medo. O que não podemos deixar acontecer é deixar que um medo paralise nossas ações. E se, após uma verdade, o outro se afastar? Problema dele! A vida segue em frente. O ruim é ficar perdendo preciosos minutos, meses, anos, pensando na possibilidade. Vá lá e faça logo! Fale logo! Pode ser que a reação seja melhor do que imaginamos...e por que sempre imaginamos o pior? Fale, mostre! Se a reação for boa, aproveite, se a reação for negativa, continue seu caminho e pare de pensar no assunto. Nem sempre as pessoas estão prontas no momento certo para viver  em nossa sintonia. Viva com menos culpa, seja mais sincero com você mesmo e diga para quem quer que seja o que o seu coração sente....a vida passa logo, não há tempo a perder com jogos inúteis. Simplesmente sinta e permita-se perder de vez em quando. Lide com a dor e com o amor. Ambos fazem parte da vida.
Ascensão
Depois que iniciei a minha ascensão para a infância,
Foi que vi como o adulto é sensato!
Pois como não tomar banho nu no rio entre pássaros?
Como não furar lona de circo para ver os palhaços?
Como não ascender ainda mais até a ausência da voz ?
Ausência da voz é infantia, com t, em latim.)
Lá onde a gente pode ver o próprio feto do verbo -
ainda sem movimento.
Aonde a gente pode enxergar o feto dos nomes -
ainda sem penugens.
Por que não voltar a apalpar as primeiras formas da
pedra. A escutar
Os primeiros pios dos pássaros. A ver
As primeiras coisas do amanhecer.
Como não voltar para onde a invenção está virgem?
Por que não ascender de volta para o tartamudo!

Manuel de Barros
(1916)

24.5.11

Pequenos detalhes que mudam o dia!

O mundo poderia ter mais pessoas gentis e educadas. Seria tri legal encontrar frequentemente pessoas assim pelo caminho...

23.5.11

As metáforas do Pequeno Príncipe

IX
O principezinho arrancou também, não sem um pouco de melancolia, os últimos rebentos de baobá. Ele julgava nunca mais voltar. Mas todos esses trabalhos familiares lhe pareceram, aquela manhã, extremamente doces. E, quando regou pela última vez a flor, e se dispunha a colocá-la sob a redoma, percebeu que estava com vontade de chorar.
- Adeus, disse ele à flor.
Mas a flor não respondeu.
- Adeus, repetiu ele.
A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
- Eu fui uma tola, disse por fim. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, inteiramente sem jeito, com a redoma no ar. Não podia compreender essa calma doçura.
- É claro que eu te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de nada. Isso não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz... Mas pode deixar em paz a redoma. Não preciso mais dela.
- Mas o vento...
- Não estou assim tão resfriada... O ar fresco da noite me fará bem. Eu sou uma flor.
- Mas os bichos...
- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! Do contrário, quem virá visitar-me? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras.
E ela mostrava ingenuamente seus quatro espinhos. Em seguida acrescentou:
- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...
(...)


A literatura tem dessas coisas.....deixa-nos mudos vez ou outra......

18.5.11

Fotinhas do Casamento no RS



Diversão na certa!


Amo muito essa noiva!!! hehehe

Casal, eu e  Raíssa

A viagem foi ótima, o casamento foi lindo e eu me diverti muito! O sul do país é realmente tri lindo e eu já tinha me esquecido como é bom andar de avião! Final de semana perfeito! Só poderia ter durado mais!!!

16.5.11

Sem tradução

O ato de traduzir é um dos mais difíceis em linguagem. Transpor um pensamento, um sentimento para uma outra língua é uma tarefa das mais complexas. Há palavras que não possuem tradução. Existem apenas na sua língua materna. É possível somente uma aproximação de sentidos.

Da mesma forma, quando o assunto são os sentimentos, as relações humanas, muitas vezes - se não na maioria das vezes- conseguimos apenas traduzir parte daquilo que desejamos comunicar. O outro frequentemente não nos alcança. Essa sintonia é rara. E essa sintonia depende de inúmeros fatores, dentre eles as experiências que compartilhamos,  a capacidade que temos - ou não - de enxergar as necessidades do outro, ou seja, se conseguimos ser menos egoístas e sentir o outro. A maternidade aguça isso. Quando nos tornamos mãe, nossa capacidade de enxergar o outro aumenta exponencialmente. Sentimos o que deve ser feito. Sabemos o que o outro precisa para ser feliz, para sentir-se bem, porque observamos atentamente. E ser mãe também é a arte de ser altruísta, de colocar-se não mais em primeiro plano, mas de doar-se em amor.

E cada pessoa enxerga a realidade de um jeito único, particular. Por isso mesmo, quando se trata de amor, é preciso ter sensibilidade em relação às necessidades do outro e não somente as nossas.  O que provocamos no outro é algo que não podemos medir, e quem sentiu não tem condições de traduzir. É possível ter consciência, reconhecer o que foi feito de bom. No entanto, os movimentos positivos, se demoraram muito a aparecer, podem não surtir mais efeito num coração despadaçado que se torna impassível.

12.5.11

Rumo ao Sul

Uma boa notícia! Sexta- feira embarco para o Rio Grande do Sul para o casamento de uma das minhas melhores amigas. Nossa amizade aconteceu no cursinho e sobreviveu à distância das faculdades (eu em Campinas, ela em Pelotas), aos anos, a tudo. Sempre foi amor verdadeiro. Mesmo com épocas longas sem comunicação, ela sempre esteve ao meu lado nos maus momentos, aconselhando, ouvindo...ela é médica psiquiatra - olha só que sorte a minha! - e sempre deu ótimos conselhos. Compartilhamos momentos importantes das nossas vidas, aprontamos um pouquinho por aí,  e tenho orgulho de participar de mais um momento marcante. Daqui um tempo/ ão espero embarcar novamente para conhecer a guriazinha dela...rs...A Cíntia - vamos nomear os bois - é uma amiga que espero poder conviver na velhice, lembrando as aventuras que juntas um dia realizamos. Amo muito minha amiga, sempre que nela penso meu coração fica repleto de amor, de lembranças quentinhas e aconchegantes. Será um prazer passar o final de semana com ela! Como diria a Sofia no primeiro dia de escola dela, aos 2 anos e 5 meses...."E lá vamos nós"

Errando, porém ainda Bela!


Vamos combinar que essa mulher caiu numa piscina de formol....o tempo parece não passar para ela. Ou pelo menos não deixou marcas significativas nessse belo rostinho. Pode procurar vídeos de muito tempo atrás e lá está a Paula, linda, leve e solta. Tomara que eu fiquei assim também!!! Será que o segredo é errar bastante?

10.5.11

A dor da incompreensão...

Amor
Paixão

Anos de luta vã

Tentativas desesperadas

Hiato

Amor implorado....
Raiva......................................................................................

Nada.



2.5.11

Segunda com poesia de primeira

De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.

De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
Cecília Meireles

1.5.11

Sofia cresce!

Por acaso, em meio a uma brincadeira, conferindo um dente da Sofia, eis que, para minha surpresa, o dente balançou!! Sim, minha gente, Sofia está com um dente ligeiramente mole. Em um futuro próximo coloco uma fotinho da primeira janelinha!!! Ai, meu bebê!!! É um sentimento de orgulho perceber que ela está crescendo. Tão bonita. Tão inteligente. Tão mais calma.

Outra grande mudança foi a de assento no carro. Ela me disse há uns dias "mamãe, eu não quero mais sentar nessa cadeirinha. Isso é coisa de bebê e eu não sou mais um bebê!" Sexta -feira comprei o novo ASSENTO ELEVADO - coisa só para crianças maiores, lógico! Ela está se sentindo uma mocinha. Ficou super feliz! É tão legal ver a empolgação dela com coisas tão simples....

E menina que cresce é menina que aprende a se defender. Na escola, ela se desentendeu com a filha do dono da rede elétrica da cidade. Deve ser a menina mais rica da cidade e das redondezas. Tudo por causa de um colchonete que as duas disputaram. Sofia levou um arranhão na boca bem feio. Como mantenho as unhas dela cortadas - o que não acontece com a menina mais rica, vejam só! a menina saiu sem machucados. Mais importante é que a Sofia revidou. E isso me orgulha sim! Ela está se defendendo e não apanhando somente. Logicamente que não incentivo ela a socar todo mundo, o diálogo deve sempre ser a primeira opção, mas prefiro que ela bata se alguém a agredir. Desejo que ela seja bemmm diferente da criança amedrontada que eu fui. E isso ela não é mesmo.Sorte  a dela!

30.4.11

Certo X Incerto.....

A imagem de um muro. Em cima dele estou eu, pensando se desço o muro do lado conhecido, mais seguro, ou se pulo o muro rumo ao desconhecido, ao incerto.....ao horizonte ilimitado.
Sinto medo e ausência de medo. E é a segunda opção que mais me assusta....

Uma amiga me mandou um texto que ela escreveu  quando fez 29 anos e muitas coisas são parecidas com o que sinto hoje....pra quem acredita, 29 anos é o famoso retorno a saturno. É o tempo que saturno leva para dar uma volta em torno do sol. E eis que ela me enviou um link que fala sobre isso...eis alguns trechos:

"Para a Astrologia, Saturno simboliza o limite, justamente por ser o último planeta que pode ser visto a olho nu. Podemos compreender o retorno de Saturno como sendo aquele momento em que tomamos consciência de nossas limitações, daquilo que podemos ou não podemos fazer.(...)Astrologicamente falando, é quando nos tornamos efetivamente adultos. Antes do retorno de Saturno, a maioria de nós costuma ter a ilusão de tudo poder. Fantasiamos que somos livres de uma forma irreal. Entre a idade de 28 e 30 anos, "a ficha cai". Nos livramos de muitos supérfluos, mantendo em nossas existências apenas aquilo que tem funcionalidade e permite nosso desenvolvimento(..)
(...)vivenciar esta crise pode ser a forma de resolver as carências que você acumulou ao longo da existência. Se o retorno de Saturno será "bom" ou "ruim", isso não importa tanto, pois o sentimento associado a este ciclo é apenas a resultante de nossos movimentos passados, e a vida em geral não acaba aos 29 anos. Na verdade, sob uma perspectiva saturnina, é aí que ela realmente começa! Uma nova oportunidade se reconfigura, e seja lá o que você tiver vivido em seu passado, depois do retorno de Saturno um novo mundo se descortina, oferecendo a você a chance de ser mais senhor(a) de sua própria vida. De uma forma bem direta, você descobrirá que o que você viveu até antes dos 30 anos não passou de mero ensaio da vida, e na medida em que você amadurecer perceberá como todos os dramas e dores de antes dos 29 anos lhe parecerão tolos e infantis. Passado o ensaio da vida, eis que o espetáculo começa! O importante é que você lembre: este é o primeiro ano do resto da sua existência. Faça valer!"

Acreditando ou não, não há como negar que o sentimento predominante é bem isso aí....Os textos que até aqui escrevi mostram um pouco esses sentimentos...

27.4.11

O recomeço

Tudo nessa vida tem seu fim certo. Nada permanece igual. Tudo se movimenta, se transforma. Tudo acaba. A vida terá fim. Os sentimentos mudam. Os filhos crescem. O amor se transforma e também pode acabar. Os amigos se mudam. Perdemos a convivência. Olhamos no espelho e não reconhecemos mais muita coisa que fomos. Apesar de nostálgica, a mudança faz-se necessária para a vida ser mais interessante. É uma oportunidade de ser mais feliz. Vez ou outra lamentamos as mudanças, os fins. Mas é certo que encerrar coisas faz parte da vida e, dessa forma, se tivermos entendimento, uma não resistência, o sofrimento que as dores das perdas nos traz pode ser menor, mais contido. Todo fim é uma oportunidade para um recomeço. A tristeza faz parte, é inevitável mesmo, só não pode durar muito tempo porque, como eu já disse inúmeras vezes aqui, a vida passa muito depressa. Conseguir aprender com os erros, entender os erros, faz parte do processo de conhecimento próprio. Enfim, depois de mil sensos comuns, porém verdadeiros, é melhor permitir-me entristecer e esperar. Pois o tempo - outro senso comum - ah, o tempo cura tudo!


18.4.11

Nada fica


Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas -
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.

Ricardo Reis, um dos heterônimos de

Fernando Pessoa
(1888-1935)

15.4.11

Como comentei esses dias, adoro ler as coisas que minhas amigas escrevem. Olha só  o que uma delas postou. Que bonito e verdadeiro. Concordo com tudo o que foi dito logo abaixo:
“O inferno dos vivos não é algo por vir; há um, o que já existe aqui, o inferno que habitamos todos os dias, que formamos estando juntos. Há duas maneiras de não sofrê-lo.
A primeira é fácil para muitos: aceitar o inferno e formar parte dele até o ponto de deixar de vê-lo.
A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuos: buscar e saber quem e o quê, em meio ao inferno, não é inferno, e fazer com que dure, e deixar-lhe espaço.”
Italo Calvino
Lágrimas ocultas Se me ponho a cismar em outras eras
em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca
(1894-1930)

13.4.11

Palavras, abraços, sorrisos e beijos

Palavra é algo tão importante porque pode aproximar ou afastar. Faz toda a diferença nesse mundo!  O silêncio - a ausência da palavra - comunica muita coisa! O silêncio pode doer mais que uma palavra dita. Mas também uma palavra pode confortar, amparar mais que um abraço. Uma palavra pode ser maliciosa, pornográfica, cheia de más intenções. E o resultado disso pode ser bom. Ao contrário, uma palavra pode afastar, pode destruir um sentimento, um amor.  A palavra é o conta gotas do amor. E pode estar cheinho de palavras venenosas ou de palavras amorosas. Eu adoro abraço. Mas não consigo deixar de pensar que  palavras são uma coisa muito poderosa. Tanto quanto um abraço silencioso e demorado, como um beijo malicioso ou um sorriso largo!


12.4.11

labirinto das palavras

Admiro o trabalho com a palavra. Adoro ler as coisas bonitas que minhas amigas escrevem. Hoje eu estou com uma vontade de escrever. Não sei bem o que nem como. Às vezes as palavras não saem simplesmente porque alguns sentimentos, em certos dias, apresentam uma resistência chatinha e relutam para ganharem contornos em palavras. Preferem tornarem-se palavras líquidas, translúcidas, salgadas. Lágrimas doloridas. E elas traduzem silenciosamente. E nessas horas eu queria ser uma Clarice Lispector, um Borges. Mas às vezes é melhor calar. Porque é frustrante perceber que o que foi escrito não comunicou aquilo que eu queria, da forma que eu queria. Às vezes as palavras ficam presas. Não conseguem libertar-se da prisão da alma. E palavra presa é palavra que causa angústia em quem as prende. É quase um parto. É necessário que saia! Mas como é difícil traduzir! Como é difícil transformar sentimentos em palavras. Talvez seja porque sentimento guardado dói menos? Será? Encará-los é uma maneira de resolvê-los. E como é bonito ler coisas bonitas...É preciso atenção e sensibilidade para se conhecer. Para perceber o mundo ao redor e o mundo interno. É preciso de tempo. Quando as palavras não se combinam verdadeiramente é melhor ouvir o silêncio.

11.4.11

ODE DESCONTÍNUA E REMOTA PARA FLAUTA E OBOÉ. DE ARIANA PARA DIONÍSIO.

Conheci a poesia de Hilda Hilst há 5 anos.  E desde lá ela me enche de encantamento. Uma poetisa Campineira que deixou uma bela obra que vale muito a pena ser conhecida.



I
É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora

E sozinha supor
Que se estivesses dentro

Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora

Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.


II
Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu

Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus.


III
A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.

A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta

Por que recusas amor e permanência?
VI
Três luas, Dionísio, não te vejo.
Três luas percorro a Casa, a minha,
E entre o pátio e a figueira
Converso e passeio com meus cães

E fingindo altivez digo à minha estrela
Essa que é inteira prata, dez mil sóis
Sirius pressaga

Que Ariana pode estar sozinha
Sem Dionísio, sem riqueza ou fama
Porque há dentro dela um sol maior:

Amor que se alimenta de uma chama
Movediça e lunada, mais luzente e alta

Quando tu, Dionísio, não estás.
VIII
Se Clódia desprezou Catulo
E teve Rufus, Quintius, Gelius
Inacius e Ravidus

Tu podes muito bem, Dionísio,
Ter mais cinco mulheres
E desprezar Ariana
Que é centelha e âncora

E refrescar tuas noites
Com teus amores breves.
Ariana e Catulo, luxuriantes

Pretendem eternidade, e a coisa breve
A alma dos poetas não inflama.
Nem é justo, Dionísio, pedires ao poeta

Que seja sempre terra o que é celeste
E que terrestre não seja o que é só terra.


IX
           “Conta-se que havia na China uma mulher
   belíssima que enlouquecia de amor todos
   os homens. Mas certa vez caiu nas
   profundezas de um lago e assustou os peixes.”


Tenho meditado e sofrido
Irmanada com esse corpo
E seu aquático jazigo

Pensando
Que se a mim não deram
Esplêndida beleza
Deram-me a garganta
Esplandecida: a palavra de ouro
A canção imantada
O sumarento gozo de cantar
Iluminada, ungida.

E te assustas do meu canto.
Tendo-me a mim
Preexistida e exata

Apenas tu, Dionísio, é que recusas
Ariana suspensa nas tuas águas.


X
Se todas as tuas noites fossem minhas
Eu te daria, Dionísio, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa

E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.

Se todos os teus dias fossem meus
Eu te daria, Dionísio, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu.
Desintegração
Eu tenho o coração cheio de coisas para dizer...
E a minha voz, se eu acaso falasse,
teria a força de uma revelação.

Meu espírito palpita ao ritmo desordenado e aflito
de asas prisioneiras que se dilaceraram
na arrancada impossível da libertação e da altura.

Minhas mãos tremem ainda ao contato
imaterial, sub-humano e fugitivo
de qualquer coisa além e acima deste mundo...

Adormeceu para sempre no fundo dos meus olhos
a saudade de paisagens estranhas e longínquas,
que nunca, nunca mais voltarão neste tempo e neste espaço.

Doem meus olhos. Tremem, ansiosas, as minhas mãos.
Meu espírito palpita! Tenho o coração cheio de coisas para dizer...
Eu estou vivo, Senhor! mas, em verdade, é como se estivesse morto.

Abgar Renault
(1901-1995)

8.4.11

De Paz e de Guerra

Na mão serena que num gesto de onda
Em estátua musical o ar modela.

Na mão torcida que num frio de gelo
A parede do tempo em fundos gritos risca.

Na mão de febre que num suor de chama
Em cinzas vai tornando quanto toca.

Na mão de seda que num afago de asa
Faz abrir os sonhos como fontes de água.

Na tua mão de paz, na tua mão de guerra,
Se já nasceu amor, faz ninho a mágoa.

José Saramago 
(1922-2010)

Fotinhas pra Mabi!!








Aceitar o Segundo Lugar Pode Ser Divertido!!

Ontem ganhei um vaso de flor de uma aluninha do sexto ano. Meu aniversário já passou há alguns dias. Mesmo assim, quando coloquei os pés na sala de aula recebi as flores da sorridente aluna. A justificativa dela: "você é minha professora preferida". Como as alunas do sétimo ano já tinham fofocado pra mim eu não perdi a oportunidade e respondi "Eu fiquei sabendo que eu sou sua SEGUNDA professora preferida" e caí na risada. Ela deu aquela risadinha sem graça e, com toda sinceridade, confirmou com a cabeçinha. Às vezes eu me divirto tanto dando aula...não importa, mesmo perdendo a medalha de ouro pra professora Ritinha de matemática, fiquei muitíssimo feliz com a delicadeza daquela aluna....

2.4.11

Da precisão dos nomes e a criatividade infantil

Por algum motivo, conversando com a Sofia ela me interrompeu e perguntou o que era vaso sanitário. Dias após a explicação, lá está ela, pensativa no seu troninho e dispara: "Mamãe, eu estou no vaso solitário". Acho que esse nome é melhor que o original. A nova definição se aplica mais precisamente ao ato que lá executamos....é ou não é?

31.3.11

A Dança!!

Seguem algumas fotinhos da apresentação de dança. Percebi que preciso, definitivamente, de uma câmera fotográfica nova!! Detalhe para e empolgação da Sofia. Ela dançou e se divertiu bastante.




27.3.11

Noites Árabes e Aniversário

Hoje tem festa árabe! Muita dança do ventre! Quer jeito melhor de comemorar o aniversário? Dança, boa energia, comidinhas, brigadeiro e pessoas queridas! Estou felicíssima!!!

26.3.11

Pequenas Reflexões sobre os 29

Amanhã é meu aniversário de 29 anos. De repente 29! Há pouco ainda era uma saltitante e serelepe menina. Quando eu era criança fantasiava que eu já teria feito tudo que eu poderia querer aos 29 - acho que quase todas as menininhas se imaginam muito velhas com 29. E percebemos que a mudança que imaginávamos não é lá tão profunda assim. E que aos 29 ainda não fizemos tudo o que queríamos! A realidade é bem diferente da fantasia pueril. As inquietações que existiam aos 10, aos 15, aos 20 e que pareciam ser fruto da idade apenas, mostram-se constantes porque somos humanos. As inquietações existirão enquanto houver vida. Aquela fantasia de que depois de uma certa idade tudo se resolveria é uma grande falácia! Ora, com sorte estamos sempre mudando e mudanças causam inquietações. Obviamente que os olhares, as prioridades vão mudando em cada idade, mas tenho a impressão de que nunca nos sentiremos totalmente em paz com o que somos. Sempre haverá uma vontade de mudança, seja nos pequenos detalhes, seja em ações menos modestas. O fato é que, ao chegar aos 29, nos deparamos com tudo o que já passou e nos damos conta - finalmente - de que a vida passou bem rápido! É quando nos percebemos no tempo e não apenas no espaço. Já quebramos bastante a carinha, já aprendemos bastantes coisas. Fechamos um ciclo. O ciclo básico de sobrevivência. Daqui temos um olhar panorâmico sobre a infância, a adolescência e os 20 e poucos anos. Daqui já podemos nos emocionar o suficiente com o que vivemos, respirar fundo e pensar "consegui". A partir daqui nos viramos bem. Não precisamos definitivamente mais de ninguém para nos defender. De nenhuma imagem. Só desejamos pessoas para compartilhar. É o momento para perceber que não há mais motivo para adiar a felicidade, não há mais motivo para assumir quem sou realmente, o que desejo. Ah! meus desejos! Como é bom chegar em uma idade em que se pode, finalmente, ter mais consciência  e ser mais honesto com os próprios desejos... ao chegar aos 30 estarei mais tranquila com o que sou...mas também será o início de uma fase bem importante, o tempo de construir uma história com mais autoria, com menos interferências externas.... menos amarras... mais liberdade criativa!
E como é bom sentir-se responsável pela própria história, pelos próprios caminhos...

"O senhor...Mire e veja: o mais importante e bonito,
do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram
terminadas - mas que elas vão sempre mudando.
Afinam e desafinam.
Verdade maior. É o que a vida me ensinou..."

João Guimarães Rosa