12.4.11

labirinto das palavras

Admiro o trabalho com a palavra. Adoro ler as coisas bonitas que minhas amigas escrevem. Hoje eu estou com uma vontade de escrever. Não sei bem o que nem como. Às vezes as palavras não saem simplesmente porque alguns sentimentos, em certos dias, apresentam uma resistência chatinha e relutam para ganharem contornos em palavras. Preferem tornarem-se palavras líquidas, translúcidas, salgadas. Lágrimas doloridas. E elas traduzem silenciosamente. E nessas horas eu queria ser uma Clarice Lispector, um Borges. Mas às vezes é melhor calar. Porque é frustrante perceber que o que foi escrito não comunicou aquilo que eu queria, da forma que eu queria. Às vezes as palavras ficam presas. Não conseguem libertar-se da prisão da alma. E palavra presa é palavra que causa angústia em quem as prende. É quase um parto. É necessário que saia! Mas como é difícil traduzir! Como é difícil transformar sentimentos em palavras. Talvez seja porque sentimento guardado dói menos? Será? Encará-los é uma maneira de resolvê-los. E como é bonito ler coisas bonitas...É preciso atenção e sensibilidade para se conhecer. Para perceber o mundo ao redor e o mundo interno. É preciso de tempo. Quando as palavras não se combinam verdadeiramente é melhor ouvir o silêncio.

3 comentários:

Eliana Rigol disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliana Rigol disse...

Que bonito, Gi. Tu falou em parto e eu lembrei do Sócrates, cuja mãe era parteira e por isso ele pôs o nome maiêutica no método de 'parir' idéias. A busca pela verdade no infinito de nós mesmos é uma batalha que vale a pena ser encarada, seja em silêncio, seja com palavras. Beijos!

Elaine Andrade disse...

Belíssimo texto Gi! Realmente nem sempre as palavras dão conta de expressar o que sentimos. Beijão