4.11.11

O inesperado acontece!

A partir de hoje os rumos mudam. Minha querida professora de dança voltará pra Piracicaba e nós ficaremos sem aulas regulares. Combinamos aulas mensais aos sábados, mas não é a mesma coisa.....

Foi com a Clau que eu me desenvolvi na dança. Foi com ela que passei a sentir a dança; e descobri em mim uma pessoa mais forte, mais capaz, mais feminina. Durante esse tempo todo, quase dois anos, minha vida mudou muito e a dança foi quase um remédio para as dores da alma. Fui desabrochando à medida que o tempo passava e tudo mudava. A dança tem um caráter desafiador, que nos impulsiona a vencer nossas próprias limitações e esse sentimento se estende para as outras atividades rotineiras. Depois de um tempo, ao assistir a um vídeo de uma apresentação, a sensação é de barreiras vencidas, de superação, de evolução. E posso afirmar que a mudança foi rápida porque a Claudia é uma professora com muita sensibilidade, que atendeu às nossas expectativas. Nosso olhar mudou, nossa postura também. Sinto muitíssimo por essa mudança tão inesperada, mesmo sabendo que a mudança será para ela melhor. Já chorei horrores. Agora os caminhos se separam e precisamos arrumar uma nova professora, alguém que nos encante como a Clau encantou. Tarefa difícil essa, viu. 

É assim mesmo, quando aprendemos a amar uma pessoa ela se torna insubstituível, outra terá qualidades diferentes, mas cada um é único nessa vida. E amamos diferentemente as pessoas. Como diria O Pequeno Príncipe, cada um ama a sua rosa porque a cultivou. Todas as rosas são iguais, mas a sua é única. E pra ser sincera, tem sido difícil encontrar pessoas especiais, que me encantam realmente. A Clau é uma dessas. Enfim, sexta-feira triste, nostálgica já. Passa um filme de lembranças em minha cabeça. Minhas tardes de sexta não serão mais tão felizes....

Mas a vida continua e meus próximos passos serão em busca de alguém que continue me ajudando a evoluir na dança.



(...)  Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…

(...)

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.


(...)

E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele…
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa…
- Eu sou responsável pela minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

trecho do Pequeno Príncipe