27.8.11

66

Hoje meu pai faz 66 anos. Meu bom e doce velhinho. O que há de doçura em mim, que anda meio adormecida por ora, provavelmente veio dele. Alguns defeitos também foram absorvidos dele, mas hoje é bom conseguir pontuar as coisas, perceber as relações, o que há de bom e ruim nelas e acalmar o espírito. Não posso mudar algumas coisas na vida dele que eu gostaria que fossem melhores, mas sinto um orgulho imenso de ser filha dele. Hoje, após quase 30 anos de convívio, sei que somos, ele e eu, inteiramente responsáveis pelas escolhas que fizemos. Não podemos mudar os erros uns dos outros. Nem  responsabilizar o outro pelo o que somos. Durante uma parte da vida os pais exercem uma influência maior na nossa vida, mas depois de um tempo, não podemos mais responsabilizá-los por nossas insatisfações porque somos bem grandinhos e podemos mudar, ou tentar pelo menos, fazendo muita terapia, as coisas que não achamos boas em nós.


Se eu pudesse, tornaria sua vida colorida todos os dias. Deixaria seus dias muito divertidos, felizes, cheios de paz e pequenas boas surpresas. Levaria você para a praia toda semana e andaria descalça na areia. Deixaria você andar de avião uma vez por mês e sentar na janela pra ver as nuvens e o sol acima delas. Levaria você pra pular de para-quedas e sempre teria uma boa festa pra conversar com as pessoas. Teria sempre manjar branco na geladeira, com a espessa calda de caramelo por cima. Vez ou outra, faria seu inesquecível bolo floresta negra. Levaria você pra Bahia, mas não mais pro sertão e sim, pra praia. Você tomaria sorvete de morango sempre. Faria massagens diárias pra relaxar. Se eu pudesse, querido pai, seus dias seriam sempre perfeitos. Pena que tudo isso só quem quer pra vc sou eu, faz parte apenas do meu desejo eterno de que vc fique bem. Espero que você realize os pequenos desejos que houver dentro de você, mesmo se forem bem diferentes desses que eu listei.


Meu pai sempre me mostrou que o orgulho não leva a lugar algum e quem é mais forte nem sempre é quem parece o mais forte. A força está na paciência, no amor, em ajudar às pessoas. Ele é um guerreiro, um exemplo pra mim a vida toda! E eu o amo demais!

Feliz aniversário!

20.8.11

Da solidão

Os afastamentos têm um lado bom. Com o tempo visualizamos mais calmamente o que não temos condições em meio à confusão. Aprender a lidar com a condição humana de sermos, no final das contas, todos sozinhos só é possível quando nos afastamos. É muito difícil lidar com nossa solidão. Sempre estamos tentando disfarçá-la, provar para nós mesmos que não estamos sozinhos. Mas em algum momento da vida devemos ficar sós. Quando aprendemos a viver sozinhos, ou melhor, a tomar consciência do nosso estado ímpar, passamos a cobrar menos do outro que preencha nossos vazios.

Vivemos juntos, mas morremos sozinhos.

O Vazio constante

Não adianta. Ser humano é desejar. E o desejo nasce da falta. E toda vez que preencho um vazio que determinada falta faz, aparece outro desejo. Outra falta. Por isso que quando conseguimos algo que desejamos por muito tempo - seja algo grandioso ou medíocre- logo aparece outro vazio pedindo para ser preenchido. E essa característica não precisa ser algo ruim. É preciso entender que isso é normal e tentar transcender o vazio. Tentar desejar menos o que não possuo e mais o que possuo. Isso diminui algumas dores. Se entendo que vazios existirão até o fim, não buscarei desesperadamente preenchê-los. É uma ilusão achar que o outro é mais feliz. Todos somos feitos de vazios. A felicidade está dentro de nós, está na aceitação do que somos. A grama do vizinho só parece mais verde. Ninguém sabe exatamente as dores e os vazios que o outro tem. Se passamos muito tempo lutando contra os vazios sofremos demais. O melhor é entender que isso é humano e aprender a administrar a situação. De tempos em tempos o vazio fica encoberto, mas com algum silêncio ele retorna mostrando sua face crua e nua.

Viver bem é aprender a aceitar o que foge do meu controle e lutar para mudar em minha vida o que posso, de fato, mudar. Demora um tempo pra perceber a diferença. Mas vale a pena tentar. Depois de muito tempo, o corpo começa a dar sinais de que não aguenta mais a luta vã. É hora de reavaliar os conceitos e viver com menos cobrança, sem ser uma crítica tão dura comigo mesma.

Somos seres completos, mas que desejamos sempre e visualizamos faltas possíveis. Não desejar deve ser triste. Aprender a dosar essas coisas é o segredo para minimizar sofrimentos.

4.8.11

Mal posso esperar pra fugir da tristeza!


Não foi dessa vez
Mas pode ter certeza
Mal posso esperar
Pra fugir da tristeza
Amanhã talvez
Vai ser um carnaval
Vão falar de mim
Pro bem ou pro mal
Tomo um café e um guaraná pra me animar
Mas ficou tão tarde
Que é melhor deixar pra lá...
Ahhhhh...