20.8.11

O Vazio constante

Não adianta. Ser humano é desejar. E o desejo nasce da falta. E toda vez que preencho um vazio que determinada falta faz, aparece outro desejo. Outra falta. Por isso que quando conseguimos algo que desejamos por muito tempo - seja algo grandioso ou medíocre- logo aparece outro vazio pedindo para ser preenchido. E essa característica não precisa ser algo ruim. É preciso entender que isso é normal e tentar transcender o vazio. Tentar desejar menos o que não possuo e mais o que possuo. Isso diminui algumas dores. Se entendo que vazios existirão até o fim, não buscarei desesperadamente preenchê-los. É uma ilusão achar que o outro é mais feliz. Todos somos feitos de vazios. A felicidade está dentro de nós, está na aceitação do que somos. A grama do vizinho só parece mais verde. Ninguém sabe exatamente as dores e os vazios que o outro tem. Se passamos muito tempo lutando contra os vazios sofremos demais. O melhor é entender que isso é humano e aprender a administrar a situação. De tempos em tempos o vazio fica encoberto, mas com algum silêncio ele retorna mostrando sua face crua e nua.

Viver bem é aprender a aceitar o que foge do meu controle e lutar para mudar em minha vida o que posso, de fato, mudar. Demora um tempo pra perceber a diferença. Mas vale a pena tentar. Depois de muito tempo, o corpo começa a dar sinais de que não aguenta mais a luta vã. É hora de reavaliar os conceitos e viver com menos cobrança, sem ser uma crítica tão dura comigo mesma.

Somos seres completos, mas que desejamos sempre e visualizamos faltas possíveis. Não desejar deve ser triste. Aprender a dosar essas coisas é o segredo para minimizar sofrimentos.

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