9.7.12

Quando uma criança menos merece é quando ela mais precisa de amor


E como é difícil amar o Stitch, quem assistiu ao filme sabe. Eu adoro esse filme, entre outras coisas, porque ele fala de amor. E é muito fácil amar quem é comportado, quem não dá trabalho. Difícil é amar quem precisa ser educado, quem não sabe explicar suas dores, quem cria mil situações difíceis porque não sabe o que sente. Quem nos testa até ao limite. E quando a gente vira adulto esquece que ainda nos sentimos assim muitas vezes. Nos comportamos de maneira estranha porque não conseguimos elaborar o que sentimos. Imagina uma criança que está aqui no mundo a pouco tempo. Não deve ser fácil ser criança e não conseguir comunicar uma dor, pedir ajuda. E tenho aprendido que quem mais precisa de mim, por não saber fazer diferente, me acusa de coisas tão ridículas que soam engraçadas de tão absurdas. 

E quem está precisando aprender sou eu. Porque tão difícil quanto educar é aprender. E hoje eu entendo melhor o amor. Amar quem me agride pressupõe a aceitação da dor alheia e perceber que não é pessoal. Talvez, por ser eu uma das pessoas que ela mais confia, é em mim que ela descarrega seus sentimentos confusos....

E já tinha esquecido que da mesma forma que a sociedade cria o mito do príncipe encantado, há o mito do filho perfeito, o bebê Johnsons. Quando os filhos são bebês temos a ilusão que eles são crianças de comercial e o meu filho nunca será nem de longe parecido com aquela criança birrenta no supermercado. Os filhos são bem mais parecidos com o Stitch, com variações ao longo do tempo, dos meses, dos dias e até das horas. E eu acho que hoje eu estou muito a Lilo e a Sofia, o Stitch. E o maior desafio é entender que mesmo sendo tão difícil esse é o maior e mais profundo amor. E tudo é uma fase que vai passar se limites forem impostos - como a Lilo queria educar o Stitch. 

2 comentários:

Eliana Rigol disse...

Gi, que lindo esse desabafo. Tão real e tocante. Lembro de minha mãe falando isso dos alunos dela, de como era simples ser boa professora para as crianças comportadas, difícil era ajudar aquela criança perdida, agressiva, reativa. Se nós adultos ainda engatinhamos na forma de demonstrar o que de verdade sentimos, imagina eles...
Um beijo!
Eliana

Gisele Leles disse...

Realmente, Eli, não é fácil não, é um aprendizado dos dois lados.
bjos