9.6.11

Elogio do Esquecimento

Eu li esse poema quando a Sofia ainda era pequenininha e fez tanto sentido na época. E faz cada vez mais sentido. Levei para os meus pupilos e eles gostaram também. A memória, o esquecimento, o passar do tempo e a reconstrução das memórias, as reminiscências.....dá um papo longo.....

Bom é o esquecimento!
Senão como se afastaria o filho
da mãe que o amamentou?
Que lhe deu a força dos membros
e o impede de experimentá-la.

Ou como deixaria o aluno
o professor que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado
o aluno tem de se pôr a caminho.

Para a velha casa
mudam-se os novos moradores.
Se os que a construíram ainda lá vivessem
a casa seria pequena demais.

O forno esquenta. Já não se sabe
quem foi o oleiro. O plantador
não reconhece o pão.

Como se levantaria pela manhã o homem
sem o deslembrar da noite que desfaz o rastro?
Como se ergueria pela sétima vez
aquele derrubado seis vezes
para lavrar o chão pedregoso, voar
o céu perigoso?

A fraqueza da memória
dá força ao homem.


Bertolt Brecht

2 comentários:

PoshDrosofila disse...

eu acho que vc gostaria do Benjamin...

Eliana Rigol disse...

Eu amo o Bretch. Não conhecia esse poema. Lindo!
Beijos