26.3.11

Pequenas Reflexões sobre os 29

Amanhã é meu aniversário de 29 anos. De repente 29! Há pouco ainda era uma saltitante e serelepe menina. Quando eu era criança fantasiava que eu já teria feito tudo que eu poderia querer aos 29 - acho que quase todas as menininhas se imaginam muito velhas com 29. E percebemos que a mudança que imaginávamos não é lá tão profunda assim. E que aos 29 ainda não fizemos tudo o que queríamos! A realidade é bem diferente da fantasia pueril. As inquietações que existiam aos 10, aos 15, aos 20 e que pareciam ser fruto da idade apenas, mostram-se constantes porque somos humanos. As inquietações existirão enquanto houver vida. Aquela fantasia de que depois de uma certa idade tudo se resolveria é uma grande falácia! Ora, com sorte estamos sempre mudando e mudanças causam inquietações. Obviamente que os olhares, as prioridades vão mudando em cada idade, mas tenho a impressão de que nunca nos sentiremos totalmente em paz com o que somos. Sempre haverá uma vontade de mudança, seja nos pequenos detalhes, seja em ações menos modestas. O fato é que, ao chegar aos 29, nos deparamos com tudo o que já passou e nos damos conta - finalmente - de que a vida passou bem rápido! É quando nos percebemos no tempo e não apenas no espaço. Já quebramos bastante a carinha, já aprendemos bastantes coisas. Fechamos um ciclo. O ciclo básico de sobrevivência. Daqui temos um olhar panorâmico sobre a infância, a adolescência e os 20 e poucos anos. Daqui já podemos nos emocionar o suficiente com o que vivemos, respirar fundo e pensar "consegui". A partir daqui nos viramos bem. Não precisamos definitivamente mais de ninguém para nos defender. De nenhuma imagem. Só desejamos pessoas para compartilhar. É o momento para perceber que não há mais motivo para adiar a felicidade, não há mais motivo para assumir quem sou realmente, o que desejo. Ah! meus desejos! Como é bom chegar em uma idade em que se pode, finalmente, ter mais consciência  e ser mais honesto com os próprios desejos... ao chegar aos 30 estarei mais tranquila com o que sou...mas também será o início de uma fase bem importante, o tempo de construir uma história com mais autoria, com menos interferências externas.... menos amarras... mais liberdade criativa!
E como é bom sentir-se responsável pela própria história, pelos próprios caminhos...

"O senhor...Mire e veja: o mais importante e bonito,
do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram
terminadas - mas que elas vão sempre mudando.
Afinam e desafinam.
Verdade maior. É o que a vida me ensinou..."

João Guimarães Rosa

3 comentários:

Eliana Rigol disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliana Rigol disse...

Gi, adorei esse texto. Construir um futuro-presente com mais autoria, é isso! Todo final de dia somos responsáveis pelo que estamos sentindo. Sem mais anjos ou demônios para defender ou culpar. É chegada a hora de saborear as conquistas e se afogar nas perdas colhidas na lavoura da própria existência. Não temos mais tempo para o auto-engano. Buona fortuna! Good luck! Suerte! Beijos

Gisele Leles disse...

Obrigada, querida!!! para nós duas!!!!
bjo