8.3.11

A Força das Mulheres

Há algum tempo assisti ao filme "Piaf - Um Hino ao Amor" que conta a história da cantora francesa Edith Piaf. Fiquei muito emocionada com o belíssimo filme. Piaf foi abandonada pelos pais, foi criada pela avó no meio de um bordel, ficou cega uma parte da infância. Vivia em meio à miséria econômica e afetiva. Após muitas dificuldades conseguiu seguir a carreira como cantora. Viveu um amor arrebatador e logo o perdeu, fato que a devastou por um momento. Em seguida, após muito sofrimento pela irreparável perda, Piaf chegou ao auge da sua carreira artística.
Hoje assisti ao filme "Coco - Antes de Channel" e não pude deixar de pensar nas semelhantes trajetórias dessas duas grandes mulheres. Assim como Piaf, Chanel foi abandonada pelos pais e passou por várias dificuldades antes de ter a carreirta consolidada e ser reconhecida mundialmente como uma referência em alta costura. Foi cantora em um cabaré, morou com um homem que não a respeitava, que a humilhava e a escondia do convívio social por ser ela pobre e não possuir uma família, um nome. Aos poucos, ele permitia que ela aparecesse para entreter os convidados, como se ela ainda fosse a cantora de cabaré que outrora conhecera.  Rebelde, não usava roupas femininas, criticava os excessos de espartilhos e a falta de mobilidade que aquelas roupas impunham. Passou a consertar roupas e aos poucos percebeu que precisava libertar-se do aprisionamento em que vivia. Não que fosse prisioneira, mas porque, até aquele momento, ela se submetia às humilhações porque não via outra alternativa, porque não queria passar fome. Acho bonita a trajetória que ela percorre de autoconhecimento e consequente tomada de coragem para largar a vida estável que tinha e arriscar uma carreira de costura em Paris. Os dois filmes são belíssimos, muito delicados, muito femininos.
Confesso que fiquei mais comovida com a história da Piaf porque ela foi a mais desprotegida, a que mais sofreu dores extremas. Chanel passou por dores mais sutis, mas nem por isso menos importantes. Ambas mostraram-se fortes, buscaram, aos poucos, os próprios caminhos. As duas viveram um amor muito forte e os perderam da mesma forma trágica- em acidentes - fato que desencadeou em cada uma delas dores tão profundas que logo em seguida elas alcançaram o ápice criativo. O auge na carreira. Quando penso nesses dois filmes, não posso deixar de pensar nas dores que todas as pessoas passam - em especial as mulheres - antes de encontrarem um caminho mais bonito. Quantas menininhas como Piaf não foram abandonadas e mesmo assim traçaram um belo caminho. Sorte? Quantas mulheres perderam um grande amor e depois ressurgiram como verdadeiras aristas, excelentes naquilo que faziam, ou mesmo descobriram, após um grande sofrimento, um caminho nunca antes imaginado? Somos resultado das experiências que vivemos e muitas vezes é difícil acreditar que há uma alternativa, que há um caminho surpreendente, se quisermos e tivermos a coragem de ousar. Tarefa das mais árduas. Mas necessária. Recomendo os dois filmes!


Um comentário:

Elaine Andrade disse...

Belo texto Gi. Me deu vontade de ver os filmes.
Beijos